terça-feira, 10 de fevereiro de 2009



“Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria, dizer segredos de liquidificador” . Com a xícara de chocolate quente Anna pensava nas vezes em que disse seus barulhentos e desconcertantes segredos.

Aquele dia, naquela cama. Não fora ela, mas sim ele.

Eu te amo. Eu precisava dizer isso.
Assim. Calmo, baixo e sonoro. Soou como um trovão aos ouvidos da garota de mãos e pés gelados.

A música tocava e Anna só ia lembrando deles. “Eu protegi seu nome por amor” . Quantas e quantas vezes não se pronunciou na tentativa de manter segredo... em vão ambos sabiam que todos tinham certeza do que acontecia.

Nós dois sonhávamos acordados. Pensou ela. Tivemos filhos, moramos em um barco. Assim não sentíamos as dores da realidade. No mundo que se teria que enfrentar, de todas as decisões, de todas as explicações e todos os pedidos de desculpas.

Nada os resumia mais naquele momento do que aquela música. Educados agora, como se nada tivesse ocorrido meses a fio. Como se realmente a amizade tivesse sido o único sentimento que os entrelaçasse e que mágoa era algo inexistente no coração de ambos.

Tantos segredos barulhentos. Tantas juras eternas. Sonhos e sonhos foram ficando esparsos e se desmanchando até se desfazerem como espuma. “A emoção acabou, que coincidência é o amor”

Um comentário:

  1. Complicado...
    Mas às escondidas, todos estamos sujeitos a ter de engolir beija-flores pelo caminho...

    Abraço!

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