quinta-feira, 29 de janeiro de 2009



Carolina passava margarina no pão francês ainda dormindo, meio sonâmbula, era para combinar com o pão. Este tinha sido comprado na madrugada anterior num mercado 24h. Sua cabeça latejava e, sua boca excessivamente grande abria ao seu máximo a cada cinco segundos..
A água fervia e precisava levantar para seguir para o seu trabalho infestado de gente medíocre. O café serviria para ajudá-la a despertar, entretanto o fato de ter que se levantar, se mover um milímetro que fosse além do movimento débil do passar a margarina a deixava mais cansada. Assim seus olhos pendiam e a cabeça girava como um pião.
Começou em pensar em seu nome. Nome sem graça. Sem força. Tentou lembrar das músicas legais com o seu nome – a única coisa que conseguiu foi escutar o refrão de Carolina do Seu Jorge, onde se dizia “Carol, Carol, Carol; Carol, Carol, Carol; Carol, Carol, Carol; minha menina; menina bela”. Exatamente assim: com três estrofes com três vezes o seu infame apelido: Carol. E o máximo que conseguiam dizer da criatura era minha menina; menina bela. Isso a irritava profundamente. Nome de quem faz jornalismo, publicidade... ou até pior... direito! Queria ter nome de mulher de trupe de circo, exceto o nome da mulher barbada. De cigana com sua saia rodada e seu olhar de névoa.
Decidiu mudar de nome, adotar o nome que sua alma escolhesse. Carolina personificava a mãe dela. Pura, casta, e puritana; correta, sensata e educada. Ela não abaixava os olhos, falava forte estava decidida a morar em Amsterdã e tatuar no corpo a seguinte frase: “O grande escândalo sou eu”.
Pensou em Dulce, Sandra, Carmela, Dandara, Anna, Jordana, Nualla,Carmem... nomes não paravam de surgir em sua mente que a esta altura não estava mais tão cansada. Teve até força para terminar o café e comer o pão francês, sair para trabalhar e decidir que teria todos os nomes do mundo.

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