quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Gauche

Sou da opinião que existem pessoas que fazem a diferença. Não digo essa diferença senso comum, que todos tentam fazer. Acabar com a fome, com o analfabetismo, com o desemprego e tantas outras mazelas, claro é de extrema relevância, mas creio que todos devam fazê-lo, acho até meio triste ser considerado aquele que faz a diferença quando a perspectiva é essa.
Admiro aqueles seres humanos que têm o dom de fazer o outro feliz a quilômetros de distância. Que fazem um botão se abrir em flor somente com o calor que emanam do corpo. Os que amam pelo simples fato do amor ser belo e necessário.
Ao longo dos meus bem vividos vinte anos, descobri que gente como essa tem pouco por aí, na verdade pouquíssima. Tive a sorte de conhecer algumas delas. Creio que na hora da distribuição o encarregado errou e colocou um contingente maior em uma cidadezinha mineira muito simpática, por isso conheci uma meia dúzia que não cabe nos dedos de uma mão [roubo descaradamente o a linguagem de interior].
Mas dentre esses já poucos tem um ou dois que tocam mais. A primeira vista são anjos tortos, que vivem à sombra e só tem a asa esquerda. De cabelos coloridos e o corpo em mural saíram para serem gauches na vida. Vão despertando o desejo de viver de um modo distinto do que nos é oferecido, mostra-nos novas possibilidades a serem seguidas além daquelas que todos percebem. Não se configuram na massa, têm o prazer de ficar à margem, espiando os acontecimentos e deles tiram todo o sumo, como se a vida fosse uma laranja.
Gosto de suco de laranja, talvez seja por isso que goste tanto de ler na frente da tela do computador o que meus queridos gauches escrevem. Mesmo que eles neguem seu talento Deus sabe se lá por que razão.
Orgulho-me de tê-los ao meu lado, a km de distância e principalmente dentro de mim. Os gauches devem se orgulhar do que são: especiais, pois têm a capacidade belíssima de transformar as coisas só com a existência.

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