quarta-feira, 12 de novembro de 2008

AnnA e OttO

Ana descobria ao lado dele que o mundo era exatamente o jeito que imaginara, o problema é que sempre o via encoberto por uma fumaça de confusão. Descobria que ser do jeito que era não era ruim, amar incondicionalmente poderia ser bom, gostou de saber disso.Antes de Otto surgir em seu ambiente de trabalho a vida era algo mecânico. Acordar, abrir os olhos, levantar... um pé na frente do outro para se deslocar... Vivia assim, no entanto não significa que gostasse de viver e muito menos que acreditasse que esta fosse a maneira correta de viver.Depois daquele dia estranho onde por alguns segundos o planeta Terra parou de realizar seu movimento de rotação e translação aos poucos a mecanização da vida foi dando lugar aos movimentos espontâneos. Movimentos estes que não sabia ao certo de onde vinham e muito menos a razão deles, tinha apenas a certeza que algo mudara e como sempre foi adepta a mudanças não reclamou ou procurou entender. Percebeu o prazer das pequenas coisas, das pequenas realizações, dos pequenos prazeres – tudo tinha um tom de novidade. Além disso, descobriu um prazer especial: o de estar perto de Otto, aquele novo colega de trabalho. Não entendia bem, nem procurava entender [Ana não era muito dada a refletir sobre seus sentimentos], a questão é: a presença desse indivíduo a fazia mais leve, seu riso saia de maneira mais franca e seus olhos se iluminavam mais [ela não os via, claro, mas podia sentir].Esse prazer especificamente cresceu de tal forma que ela começou a estranhar, e às vezes ao vê-lo falar apertava os olhos, os lábios e balançava a cabeça, creio que numa tentativa vã de retirar alguns pensamentos até então nunca passados em sua cabeça. Isso começou ocorrer com maior freqüência e o medo do novo pela primeira vez apareceu em Ana. E o medo a levou a reflexão, todas as novidades e prazeres apareceram depois que a Terra parou. E a partir daí todas as peças passaram a se encaixar perfeitamente.Normalmente sairia correndo para mostrar ao mundo a novidade, no entanto preferiu guardar seu bem mais precioso, o mostraria apenas para o responsável por todas aquelas mudanças, aos outros mostraria somente o resultado dessa novidade chamada amor...

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