segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cartomante

Carmen entrou em seu carro totalmente atordoada, sabia que seu hábito de procurar obter previsões sobre o seu futuro lhe trariam problemas. E aquele trânsito de fim de ano na Lagoa piorava seu mau humor.

As palavras daquele homem iam e voltavam, e nos momentos de invervalo conseguia apenas se sentir traída pelo destino. Faltavam forças para chorar, queria um espelho para poder ver sua expressão de estarrecimetno, quase horror.

    • Você terminou recentemente um relacionamento? Com um homem, por conta de mulher?

    • Por que está me dizendo isso?

    • Está dando aqui... era para ele estar contigo, não com ela, por alguma razão isso não aconteceu...

    • E...?

    • Calma, deixa eu ver!

    • Uhum...

    • Feitiço!

    • Como?

    • Sim! Está aqui, ela fez feitiço. Tentou acabar com você. Te afastou dele e fechou seus caminhos amorosos.

    • Ok, muito obrigada. Quanto eu te devo?

    • Nada, moça, nada.

          Muda ela sai pálida e incrédula. Desce do prédio e entra no carro.

Jogada no sofá de casa, a quilômetros de distância daquele prédio num bairro da zona sul carioca, Carmen revirava as poucas lembranças que sobraram de Ricardo. Achou um livro que lhe dera em seu aniversário – artigos da Clarisse Linspector sobre questões femininas. Morreu de rir sozinha, odiava Clarrisse Linspector, ainda tratando de artigos femininos. Lembrou dos dias na praia com seu filho. Ela queria apenas entender onde tudo se perdera, onde aquele amor foi parar de uma hora para outra.

Depois de tanto tempo encontrou a resposta, resposta dita por um homem desconhecido. Tudo pura feitiçaria.

Era melhor cre nisso do que no fim do amor.

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