Eleonor se encontrava deitada na cama de bruços, envolta na penumbra do quarto amplo vestida apenas um par de sapatos de salto tão vermelhos quanto suas unhas. O barulho do chuveiro era escutado com um mantra que a auxiliava ainda mais em seu momento relaxante. Sorria um sorriso de canto de boca, seus olhos estavam cerrados. Pensava nos homens de sua vida. a todos aqueles a quem pertenceu, uns de corpo outros de alma.
Nesse instante sente a mão macia de seu amante em suas costas, escancarou o sorriso, soltou um gemido. Penso: eu até quase amaria esse homem. Ao se virar, apoiou nos cotovelos, refazendo a pose viu um par de olhos cor de mel completamente apaixonados. Mais uma vez pensou: eu até amaria esse homem, olha como ele interpreta bem. Seus olhos em contrapartida responderam tão apaixonados quanto os deles.
Muda, retornou a primeira posição. O homem começou a cantar-lhe as canções românticas que tocavam no rádio enquanto afagava seus cabelos e por um segundo dormiu. Sonhou nessa eternidade com Flávio, um de seus lindos romances fadados ao fracasso em que ela insistia sustentar. Eu amaria esse homem.
Abrindo os olhos sobressaltada levantou sem se quer dar uma satisfação e foi de encontro a taça de champagne, espectadora de todo o teatro. Encheu-a apenas com três ou quatro dedos bem devagar tentando descobrir para quem pensou a última frase.
Degustou o líquido, pousou a taça. Fez menção de voltar, mas antes decidiu se admirar no espelho e certificar que sua alma ainda se encontrava dentro de seu corpo. Feito isso, retornou aos braços do homem com os olhos cor de mel. aceitou os afagos, as músicas, as promessas e tudo mais como se realmente amasse aquele homem.
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