tag:blogger.com,1999:blog-83508679352154446652024-03-19T01:49:13.168-07:00"É preciso muito tempo para se tornar jovem"Picasso disse: "É preciso de muito tempo para se tornar jovem". Existem pessoas que morrem sem saber disso, eu, por sorte, descobri isso bem cedo. Desde então venho tentando.#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-87038275980896617922011-03-30T04:32:00.000-07:002011-03-30T04:35:39.406-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxImfa4oKCgo193MITgfE8PaQ0a74rfycP7hYjPU59cBJe29FardLfO9l1qq0Or8mCCyUNPCSBV8Y-6WTM8i_yCF0A79zTTrWRuY3aKDXR8-AV-1VA3MTbJSdWPJn82Xwb98GCbHuLJSQ/s1600/surrealismo__arte_artistas_pintores_surrealistas_-merello__don_quijote_blanco%252892x73%2529.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 319px; FLOAT: left; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5589835105913475298" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxImfa4oKCgo193MITgfE8PaQ0a74rfycP7hYjPU59cBJe29FardLfO9l1qq0Or8mCCyUNPCSBV8Y-6WTM8i_yCF0A79zTTrWRuY3aKDXR8-AV-1VA3MTbJSdWPJn82Xwb98GCbHuLJSQ/s400/surrealismo__arte_artistas_pintores_surrealistas_-merello__don_quijote_blanco%252892x73%2529.jpg" /></a> <br /><div align="justify"><span style="color:#66cccc;"><em>A cama bagunçada não traz mais resquícios nossos. Se resume a montes de lençóis embolados, prontos para serem lavaod. Foi o que restou de nós. Os sonhos, os sorrisos, as mãos escorregadias... o tempo nos fará o vavor de aplacar. E, se não o fizer cabe a nós esse appel. Considere como nosso último ato de união: esquecer-nos juntos e mutuamente. <span >Tudo passa, tudo deixa resquício. De lembranças temos as marcas que deixamos um no outro. Não choraremops, tão pouco riremos; assistiremos as imagens embranquecidas e esfumçadas com um estranho êxtase que sempre nos anestesiava. Seus filhos crescerão, eu terei os meus; a vida seguirá em frente e a sensação de desencontro hora será grande, hora teremos certeza que tudo foi como deveria ter sido. O resultado de nós dois são sonhos e segredos escancarados nos esaçõs públicos da cidade de modo indecifrável. Nem mesmo você ou eu conseguimos ler. Eis a bíblia do caos estampada nos impedindo o esquecimento. Até que os donos dos muros os pintem. Aí então, com os muros brancos estaremos aptos a nos permitir crer que tudo não passou de um sonho estranho que não lembramos todo e se foi realmente sonhado. E como sempre acontece com os sonohs acabam caindo no rio Lethes.</span></em></span></div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-27361274323429344912010-12-28T18:38:00.000-08:002010-12-28T18:46:46.950-08:00A pérola e o pescadorFoi exatamente assim que aconteceu.<br />Distraída, a garota fazia qualquer coisa importante no computador. Sabia que a sua frente havia um estranho conversando, entretanto, nem cogitou levantar a cabeça – decididamente não havia tempo a ser perdido. Só que todas as pessoas têm um daimón – serzinho tinhoso e birrento. Pois bem, o da garota apenas queria que ela levantasse os olhos. Para agradá-lo, o fez.<br />A sua frente havia um homem. A principio não achou nada, voltou os olhos para a tela. Mas o daimón se alvoroçou e ficou atraído pelo homem. Espichou o olhar algumas vezes, uma hora resolveu olhar de verdade, olhou fundo. Então o silêncio berrou. Vamos combinar, essa criatura é muito inconveniente, indiscreta. Ele berrou, se dividiu em dois, passou a morar nos olhos daquela dupla.<br />O grupo era maior, mas os três tinham uma ligação estranha. A garota com seus olhos grandes se divertia em sugar todas as possibilidades daquele homem. Ela não vira nada de concreto, mas sentia que a recíproca era verdadeira.<br />Um dia, não sei ao certo – creio que em uma terça-feira de um ano qualquer [no trabalho dessas criaturas a cronologia é um mero detalhe, moram em três séculos e passeiam por eles sem menor dificuldade]. Não se sabe também a razão pela qual o daimón do homem deu o ar de sua graça.<br />Em uma conversa inicialmente inofensiva [essas são as piores] foram se despindo de todos os véus necessários para uma boa convivência com o mundo.<br />- Eu sou muito intensa. Já fui pior, hoje sou mais polida.<br />- Eu também sou muito intenso, mas ainda não sei me controlar. Seu olhar é muito forte.<br />Nesse momento teve a certeza que o ouro já havia sido entregue ao bandido, tudo era uma questão de tempo.<br />À tarde foram visitados por Taunay, David e Klimt. Esse último meio perdido por aí, antes de sair disse que ela parecia com alguém que pintara e que havia fugido de uma de suas telas.<br />Eis que a noite chega e o filho nasce. Em meio a uma festa, nos basta cuidar com zelo. Os quadros já estão na parede. As pessoas riem, conversam... é o natural. Mas os dois as sós naquela sala se casaram, tiveram sua prole – tudo com os testemunhos de retratos do século retrasado.<br />Fora de lá foram escolhidos os nomes, mas o mais importante nem era isso. O Silêncio que morava semanas nos olhos de ambos resolveu avisá-los que seus respectivos daimones tinham desaparecido. O coitado foi ignorado.<br />Ele fitou-a e disse: Vou te pintar um dia. Você esse seu olhar forte. Ela respondeu com uma pergunta e com um pedido: Vai pintar meus olhos? Por quê? O quadro vai para a minha parede então. O homem: Porque eu gosto dos seus olhos. Eu vou querer um também.<br />Bom, o que interessa é que esses dois passaram toda a noite, toda a vida conversando, um dia valeu mais que anos. Só há um problema. Ignoraram o Silêncio quando este avisou que seus respectivos daimones estavam livres, vivendo a mercê de todos os tipos de pathós...#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-54536889139676070112010-12-27T18:05:00.000-08:002010-12-27T18:13:23.147-08:00Cartomante<p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> Carmen entrou em seu carro totalmente atordoada, sabia que seu hábito de procurar obter previsões sobre o seu futuro lhe trariam problemas. E aquele trânsito de fim de ano na Lagoa piorava seu mau humor.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> As palavras daquele homem iam e voltavam, e nos momentos de invervalo conseguia apenas se sentir traída pelo destino. Faltavam forças para chorar, queria um espelho para poder ver sua expressão de estarrecimetno, quase horror.</p> <ul> <ul> <li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Você terminou recentemente um relacionamento? Com um homem, por conta de mulher?</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Por que está me dizendo isso?</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Está dando aqui... era para ele estar contigo, não com ela, por alguma razão isso não aconteceu...</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>E...?</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Calma, deixa eu ver!</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Uhum...</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Feitiço!</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Como? </i> </p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Sim! Está aqui, ela fez feitiço. Tentou acabar com você. Te afastou dele e fechou seus caminhos amorosos.</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Ok, muito obrigada. Quanto eu te devo?</i></p> </li><li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i>Nada, moça, nada.</i></p> <ul> <ul> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Muda ela sai pálida e incrédula. Desce do prédio e entra no carro.</p> </ul> </ul> </li></ul> </ul> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-left: 1.15cm; text-indent: -1.18cm; margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> …</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-left: -0.02cm; text-indent: 0.96cm; margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Jogada no sofá de casa, a quilômetros de distância daquele prédio num bairro da zona sul carioca, Carmen revirava as poucas lembranças que sobraram de Ricardo. Achou um livro que lhe dera em seu aniversário – artigos da Clarisse Linspector sobre questões femininas. Morreu de rir sozinha, odiava Clarrisse Linspector, ainda tratando de artigos femininos. Lembrou dos dias na praia com seu filho. Ela queria apenas entender onde tudo se perdera, onde aquele amor foi parar de uma hora para outra. </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-left: -0.02cm; text-indent: 0.96cm; margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Depois de tanto tempo encontrou a resposta, resposta dita por um homem desconhecido. Tudo pura feitiçaria.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-left: -0.02cm; text-indent: 0.96cm; margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> …</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-left: -0.02cm; margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Era melhor cre nisso do que no fim do amor.</p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-82156738738784057722010-12-23T18:05:00.001-08:002010-12-23T18:05:41.165-08:00<span class="Apple-style-span" style="font-family: Tahoma, Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; color: rgb(42, 42, 42); "><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 19px; margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; ">Arrumava a mala como um ritual de passagem, como se partisse para nunca mais voltar. Procurou seu creme de barbear preferido, olhou a validade – que estava vencida. Buscou pela sua blusa pólo cinza, e várias outras coisas, achou lembranças que estavam na bagunça do armário apertado. Ficou vulnerável, ainda mais pela época do ano... tinha o mau hábito de repassá-lo, sempre empacava em algum capítulo. Esse ano especialmente evitava fazê-lo, pois já sabia exatamente em que página ficaria dias a fio, aquela que evitava falar até mesmo com sua terapeuta: sua última namorada, Joana.</p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 19px; margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; ">Arrumava a mala e pensava nos planos que fizeram juntos para a viagem que agora ia sozinho a trabalho. E ao tentar se achar em meio suas coisas encontrava fragmentos da mulher que amou. Fragmentos esses que mostravam o quão diversa era, característica que fazia Benício se apaixonar a cada minuto, amava todas as mulheres condensadas naquele furacão. Furacão que um dia olhou em seus olhos e colocou os pingos nos is dizendo de maneira melancólica “<i style="line-height: 17px; font-style: italic; ">Desculpe, eu me enganei, eu não te amo.”. </i>Nem ao menos disse adeus, ela nunca gostou de despedidas. Dela sobrou somente a toalha que desenrolou dos cabelos ao sair. A Benício coube apenas o silêncio, a falta de voz, a mente atordoada, a angústia de não tê-la segurado e dito todas as frases confusas que passavam por seu coração acelerado.</p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 19px; margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; ">...</p><p class="ecxMsoNormal" style="line-height: 19px; margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 1.35em; margin-left: 0px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; ">Ele se recuperou rápido, fingiu para todos que ele, homem viriu, cansou da mulher frágil e possessiva que vivia ao seu lado. Abafou toda e qualquer possibilidade de alguma outra mulher entrar em seu caminho, decidiu viver sozinho, pelo menos até aquele momento. A cada roupa posta na mala tinha o ímpeto de ligar para Joana e dizer “<i style="line-height: 17px; font-style: italic; ">Estou indo a Blumenau, quer algo de lá?”</i>, só para descobrir se ainda merecia uma resposta. Talvez não o fizesse por medo, medo de não obter resposta alguma ou pior ainda, medo de escutar<i style="line-height: 17px; font-style: italic; ">“Sim quero! Traz para mim...” </i>e simplesmente descobrir que Joana não era aquele furacão.</p></span>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-61446305962817769742010-12-17T05:34:00.000-08:002010-12-17T05:35:44.254-08:00...é bom acordar e ver o sol.<div>...melhor é conseguir sorrir de volta para ele.</div><div><br /></div><div>Bom dia!</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-1960492481461750802010-10-31T19:19:00.000-07:002010-10-31T19:20:41.597-07:00Domingo<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt;line-height: 150%">Queria que o tempo passasse. Acordou com uma vontade esquisita, sensações esquizofrênicas, um misto de melancolia, tristeza, alegria – na verdade essa alegria estava mais para “um agora vai dar certo”, o que daria certo é que não se fazia idéia. Ligou o rádio e tocava Joana Francesa do Chico, exatamente no verso geme de “prazer e de pavor/ vem moleque me dizer onde está”. Adorava essa música e, no resto de sol que restava no céu, como homenagem tirou a camisola e foi nua para o chuveiro. Sua mente clamava por algo inédito, logo não poderia ficar presa entre aquelas paredes. Abriu o chuveiro, quentíssimo, outro perderia a pele, ela não, já estava acostumada. Ao sair se arrumou como fosse encontrar o homem de sua vida, aquele príncipe encantado que as mulheres estupidamente esperam deixando assim os homens reais passarem desapercebidos. Pouco se importava com eles, antes só do que mal acompanhada – sempre dizia ela como um mantra na intenção de crer na sentença que sempre proferia. De vez em quando sucumbia aos encantos de algum homem qualquer, se apaixonava, sofria, se arrependia por ter amado, se recompunha e se fortificava. Ficava mais exigente, cada vez mais solitária, ficava só esperando o momento em que o outro fosse dar o passo em falso. Limitava-se apenas a dizer: <i style="mso-bidi-font-style: normal">Até que esse demorou. </i>Ou então. <i style="mso-bidi-font-style:normal">Esse foi bem mais rápido que eu imaginava. </i>Sentia saudade de algo que não sabia ao certo do que era, talvez de sua ingenuidade, quem sabe de sua leveza, das estrelas que moravam em seus olhos e de vez em quando fugiam para algum quadro de Van Gogh. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt;line-height: 150%">Estava pronta e preparava a bolsa, escutava as músicas, gostava mais das tristes, música que fala de alegria também são bonitas, mas via mais poesia na tristeza. Era uma de suas faces clichês, não se importava. Se olhou no espelho, retocou a maquiagem, respirou fundo. Bateu a porta, deu boa noite ao porteiro e seguiu.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt;line-height: 150%">Andou sem rumo e parou num shopping. Se decepcionou consigo mesma. Se almejava algo novo o último lugar que poderia ir seria um amontoado de lojas, restaurantes e cinemas. De qualquer modo como reza o dito popular está no inferno abraça o diabo! Entrou e entrou na livraria, lá escolheu um livro pela fotografia da capa, sentou num puff e deu sorte – o livro era ótimo. Colocou os fones de ouvido, e começou a devorar o livro, de vez em quando seus olhos passeavam pelo chão e viam uns pés passeando sem seus donos. O livro começou de forma violenta, uma amizade despedaçada por uma traição. Eram quatro amigos, dois casais que sempre fizeram absolutamente tudo juntos. Duas médicas e dois engenheiros moravam no mesmo prédio e tiveram um casal de filhos cada. Eis que um delas descobre que sua melhor amiga, quase seu apêndice tem um caso com seu marido há tempos. A mulher traída não pestanejou, se trancou em seu quarto com sua ex-melhor amiga e sua mais nova arqui-rival e lhe dá um surra fora do normal. A traíra deixa apanhar pois sabe que é merecedora de cada golpe. O livro é de um homem, com certeza nenhuma mulher escreveria tão bem tal cena, Maria Antônia até acha que aconteceu, um homem não teria capacidade de registrar com tal magnitude e perfeição a ira feminina. Qualquer mulher traída tem vontade de fazer a mesma coisa – seja com seu parceiro, seja com a outra, neste caso ambos, afinal a traição era dupla. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt;line-height: 150%">O segurança chega e a cutuca: <i style="mso-bidi-font-style:normal">Senhora, estamos fechando, a senhora vai realizar a compra? Não, não, volto outro dia e termino.</i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:35.4pt;line-height: 150%">Não quis comprar por um motivo simples. Se continuasse a ler aquilo iria bater na porta de todos e tentaria dar-lhes uma surra. E claro, não conseguiria por razões óbvias. Se contentou a sentar na Starbucks e tomar um café gelado e comer um bolo de banana. Ficou lembrando do livro que de certa forma confirmava sua teoria que mais cedo ou mais tarde todo mundo estraga tudo, inclusive ela. <o:p></o:p></p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-32398161828243759652010-08-31T08:00:00.000-07:002010-08-31T08:08:24.313-07:00Bethânia<p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"></span></p><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;">- <i>É melhor pararmos por aqui.</i></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><i> </i>A frase foi dita por um e os olhos do outro automaticamente se encheram de lágrimas. Bethânia ainda tentou argumentar – em vão. Ele obteve como resposta um seco <i>vou arrumar as minhas coisas. </i>Antes de levantar ainda chorou um pouco, Carlos esticou a mão para secar-lhe as lágrimas. Ela sentiu ódio, como aqule gesto era falso. Como tudo saída no timbre su<span style="font-weight: normal">ave porém másculo de sua voz..</span></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> Foi o que bastou. Levantou dali e retirou absolutamente tudo que poderia ser seu dos armários, das prateleiras, do cesto de roupa suja e do cesto de passar, bem como da corda. Jogou fora sua escova de dentes e pôs sua toalha para lavar, lembrou de retirar suas moedas do porquinho azul que ele lhe dera de presente (o porco ficou, já era dele antes de entar na casa). Pensou em solicitar as fotos do álbum em tom grave e rasgá-las ali mesmo na sua frente, entretanto repensou e achou que seria excesso de ataque mulherzinha – coisa que sempre odiou. Por engano acabou levando o carregador de celular dele. Mas a proposta desse ato foi simplesmente não dar trabalho nenhum a Carlos, ela se retiraria da vida dele sem que ele precisasse catar os resquícios pela casa e apagá-los.</span></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> </span><i><span style="font-weight: normal">- Sabe Carlos, eu sempre estou na sua situação, sempre as pessoas saem da minha casa. Mas para tudo tem uma primeira vez.</span></i></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><i><span style="font-weight: normal"> </span></i><span style="font-weight: normal">Ela não o deixa abrir a porta do elevador. Entram. </span></span> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> </span><i><span style="font-weight: normal">- Eu não estou te expulsando da minha casa...</span></i><span style="font-weight: normal"> diz ele com um olhar que convenceria qualquer menina de vinte e poucos anos, não Bethânia. Mas ele não a conhecia para isso.</span></span></p> <ul> <ul> <li><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><i><span style="font-weight: normal">Eu sei. </span></i><span style="font-weight: normal">Sendo mais cínica que ele.</span></span></p> </li></ul> </ul> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> No carro um silêncio de morte. A garota tentou fazer com que o homem falasse, mais uma vez em vão, então ela pediu para que ligasse o rádio. Assim foi feito. Horário eleitoral. Que droga!</span></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> Pararam num estacionamento perto de sua casa e começaram a retirar suas coisas de dentro do carro. Era bastante coisa. </span></span> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> Ela foi andando na frente com um andar duro que terminava de destruir seu coração. Ele atrás, ela não podia ver suas expressões, mas pareciam tranquilas. </span></span> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> Ao chegarem no apartamento por um segundo convesaram como se nada tivesse acontecido. No segundo seguinte ela pediu para que ele esperasse para que separasse suas coisas, em vão. Ponderou ainda em relação a luminária, essa mesmo ele não quis. Foi embora de mãos vazias. Antes pediu um abraço. Deu como se abraçasse um colega de empresa e recebeu o abraço do adeus. São coisas que só as mulheres percebem.</span></span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: normal"> A jovem Bethânia chorou até esvaziar os olhos, os pulmões, o coração e a alma. Exorcisou todos os amores fracassados durante dois dias e duas noites. No fim deste processo foi tomada por uma raiva descomunal, que em vinte e quatro horas passou, ficou apenas a sensação do </span><i><span style="font-weight: normal">que pena que deu certo por tão pouco tempo. </span></i><span style="font-weight: normal">Em quatro dias tudo estava cicatrizado, o salto para fora do armário, o vestido florido passado sobre a cama...</span></span></p><p></p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-75499399000558186022010-08-04T14:31:00.000-07:002010-08-04T14:49:16.785-07:00Cotidiano<p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> Mônica acorda e ainda na penumbra do quarto observa o homem que dorme ao seu lado. Se acomoda em seu peito e sorri levemente. Eduardo, ainda dormindo, move seu braço e a cerca, fazendo com que seu sorriso cresça. Ela fica ali imóvel, respirando devagar tentando entender como tudo aconteceu. E ao lembrar que os culpados eram meros pães de queijo tem que conter a vontade de gargalhar.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> Segundos depois se move e começa a acariciar os cabelos , e o acorda sem querer. Percebe, pois como ela, ele sorri ainda de olhos fechados, somente pelo fato de saber de sua presença no lado esquerdo da cama. Em coro soltam um <i>bom dia</i><span style="font-style: normal"> baixinho.</span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Enrolam na cama por minutos a fio, embolando as pernas e enroscando as mãos nos cabelos um do outro. Assim a cama vai ficando deliciosamente bagunçada e espaçosa.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> …</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Um suspiro precede uma pergunta. <i>Vamos levantar? </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <i> Sim, vamos. </i>Espreguiça.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <i>Quer tomar café? </i>Se reacomodando na cama.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <i>Quero. Quer que eu eu faça seu leite? Uai?! Não ia levantar?</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Já vou... deixa que eu faço.</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <i> </i>E na cozinha eles vão preparando o café-da-manhã. Ele o leite, ela o pão. Conversam sobre coisas triviais, trocam beijos entre os praparativos do desejum. Ele canta músicas que há tempos ela não escuta, algumas nem ao menos conhece.O riso de ambos está frouxo, como dizem por aí, não param de sorrir... lábios; olhos; braços e mãos; pernas e pés; póros. </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Mônica só faz admirar cada pedaço desse homem que a conquistou em cinco minutos, às vezes até passa uma nuvem (como ele mesmo diz), se pergunta qual seria o defeito ou até quando esse paraíso vai durar. Se despreocupa no segundo seguinte ao vê-lo parado do outro lado da mesa do almoço.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Eu te adoro, sabia?</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Sabia! Você diz todo dia. </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Eu te adoro, cada dia mais. </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> <i> </i>E assim vão passando os dias, trocando carícias e mensagens apaixonadas, como dois adolescentes. Sentimentos nobres são atemporais, e nos deixam assim: bobos, achando graça de tudo e brilho nas trivialidades. Nos deixam incautos, pensando apenas no próximo encontro, sem amanhã.</p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-13377473916730181792010-08-01T10:11:00.000-07:002010-08-01T10:20:37.573-07:00Início de domingoÉ bom acordar e ter fixado nas retinas a imagem do último sonho...<br />Se levantar da cama, espreguiçar, bocejar e colocar os pés descalços no chão.<br />Passear pela casa esperando a alma encaixar no corpo,<br />escutar o miado e dar bom dia ao gato.#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-9465250680283861502010-07-28T09:51:00.000-07:002010-07-28T10:03:09.863-07:00Coveniências<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuNYAhHMSUtlEy5S7alQqR5dEO6b3mSYj0ErfT93bZ6NO7z5q4XF6667vczt-5znQj_giuduJeP2QlJzYDWUQlxTllXM1wPP2uUBEKRSW04kgLoktPrn-_gO25H5iGsIT7GuHZaR4Kbk/s1600/grace+kelly.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 311px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuNYAhHMSUtlEy5S7alQqR5dEO6b3mSYj0ErfT93bZ6NO7z5q4XF6667vczt-5znQj_giuduJeP2QlJzYDWUQlxTllXM1wPP2uUBEKRSW04kgLoktPrn-_gO25H5iGsIT7GuHZaR4Kbk/s400/grace+kelly.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5499003579867682962" /></a><br /><p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> Estava no altar. Véu, grinalda, flor de laranjeira e tudo mais. O padre falava e ela pouco escutava. Escutava os sussurros dos convidados e só pensava no fato de não dormir em sua antiga cama. Começou achar tudo aquilo uma palhaçada, teve vontade de fumar. <i>Mas eu não fumo! Ai meu Deus! O que está havendo comigo? </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Maria Catharina?</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Ãhn?!</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Você aceita Jorge Alberto Albuquerque Souza e Silva Neto como seu legítimo esposo querida? </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> Ãhn?! </i><span style="font-style: normal">Ao olhar não reconheceu a figura enfadonha que segurava sua mão. Teve nojo. Aquele cabelo encharcado de gel e partido ao lado, milimétricamente penteado. Pensou em João Pedro e lembrou da música “Mais uma dose” do Cazuza. Ah! Jão Pedro foi o primeiro que demonstrou vontade de devorá-la. Ali, no meio de um shopping de uma cidade de interior em MG. Ela, claro teve medo. Mas era totalmente previsível, tinha 12 ou 13 anos estudando em escola católica e namorando um menino de família, do tipo de Jorge Alberto, chamado Josué. Queria encontrar JP novamente e terminar naquele shopping o que ele tentou inutilmente começar. Olhou para os lados, riu das cores dos vestidos das madrinhas. </span><i>Puta Merda! Fui eu que escolhi essa merda!? </i><span style="font-style: normal">Olhou suas mãos, levantou o vestido estilo Grace Kelly para ver seus pés. </span><i>Socorro!!!! Minhas unhas pintadas de branquinho!!!!! </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> A mãe já olha para filha amedrontada, o pai desesperado. Todo aquele dinheiro desperdiçado, anos juntando para que a filha casasse. O pai fez questão de pagar todo o casório, não usou um centavo dos euros de Jorge Alberto. A mãe pensava no que iria sair na Caras, na Quem e na Tititi, a imprensa em peso iria colocar na capa as bodas de sua filha – um sonho que poderia desmoronar a qualquer momento.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <span style="font-style: normal"> O pai do almofadinha branquicelo tentava manter a calma, mas não conseguia esconder a alegria. Não que desgostasse de Maria Catharina Holanda de Bragança, de família de nome, entretanto extremamente decadente. Era a oportunidade de dar fidalguia a seus euros, mas tal fato não o falicitaria na política, apenas satisfaria seu ego burguês. </span><i>Se ela desistir ele pode casar com Josephine Coutinho, filha do patrocinador do partido, daí ninguém me segura! Tadinha, ela é feia que dói, sem sal e nem açúcar – na verdade sem tempero algum, Maria Catharina é que é mulher vistosa, mas juntar a família Albuquerque Souza e Silva com a família Coutinho seria sensasional. Maria Amélia tinha que ter tido competência para segurar as outras barrigadas, isso sim, desse modo poderia fazer tudo isso, não dependeria só desta criatura.</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> </i><span style="font-style: normal">Maria Amélia já chorava desesperada com medo das capas de revista. “Filho de Depudado Federal é abandonado no altar”. Ou então: “Ao invés do sim do ano, o silêncio como resposta”. </span><i>Se isso acontecer nunca mais vou poder aparecer no clube!!!! Responda logo mon amour!</i></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> </i><span style="font-style: normal">Jorge Alberto simplesmente esperava calmamente nesses segundos em que Maria Catharina permanecia muda. Um sorriso amarelo, olhos brilhantes , e postura de um idiota. Sua mente se manteve clara, ele realmente não percebeu o titubear da noiva.</span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <span style="font-style: normal"> </span><i>Quanta hipocrisia! </i><span style="font-style: normal">Pensou Maria Catharina. Soltou uma gargalhada, olhou para trás e viu um amigo no estilo de JP, eles tiveram um caso no período em que tinha o codinome de Natasha e levava a minissaia na bolsa para trocar na rua. </span><i>Senhor padre, com todo respito, o senhor teria um trago de conhaque? </i> </p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%"> <i> </i><span style="font-style: normal">Os murmúrios desapareceram todas as mentes se esvaziaram, a de Jorge Alberto virou um turbilhão.</span></p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"> Maria Catharina saiu com ar rebolativo, soltando as madeixas e ao passar por aquele amigo não pode conter o desejo de dar-lhe um apertão na bunda.</p> <p class="western" align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%"></p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-79961883364372652562010-04-27T15:35:00.000-07:002010-04-27T16:03:59.582-07:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNkk4cCk-7qSQmoE45yP9UF9ScnryJ5-qGbb505jlc9YXM5VwrcylUpm-FIqsiqtLDbrScL6lMXk_K33iuC5mrU7X4rV48F1S5a69GQXIXaaoZiKw6PgDw3t8BKFnlxOnYCt-Y1wNXpY/s1600/cama1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNkk4cCk-7qSQmoE45yP9UF9ScnryJ5-qGbb505jlc9YXM5VwrcylUpm-FIqsiqtLDbrScL6lMXk_K33iuC5mrU7X4rV48F1S5a69GQXIXaaoZiKw6PgDw3t8BKFnlxOnYCt-Y1wNXpY/s400/cama1.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464956838667003522" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Eleonor se encontrava deitada na cama de bruços, envolta na penumbra do quarto amplo vestida apenas um par de sapatos de salto tão vermelhos quanto suas unhas. O barulho do chuveiro era escutado com um mantra que a auxiliava ainda mais em seu momento relaxante. Sorria um sorriso de canto de boca, seus olhos estavam cerrados. Pensava nos homens de sua vida. a todos aqueles a quem pertenceu, uns de corpo outros de alma.</div><div style="text-align: justify;">Nesse instante sente a mão macia de seu amante em suas costas, escancarou o sorriso, soltou um gemido. Penso: <i>eu até quase amaria esse homem. </i>Ao se virar, apoiou nos cotovelos, refazendo a pose viu um par de olhos cor de mel completamente apaixonados. Mais uma vez pensou: <i>eu até amaria esse homem, olha como ele interpreta bem. </i>Seus olhos em contrapartida responderam tão apaixonados quanto os deles.</div><div style="text-align: justify;">Muda, retornou a primeira posição. O homem começou a cantar-lhe as canções românticas que tocavam no rádio enquanto afagava seus cabelos e por um segundo dormiu. Sonhou nessa eternidade com Flávio, um de seus lindos romances fadados ao fracasso em que ela insistia sustentar. <i>Eu amaria esse homem.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Abrindo os olhos sobressaltada levantou sem se quer dar uma satisfação e foi de encontro a taça de champagne, espectadora de todo o teatro. Encheu-a apenas com três ou quatro dedos bem devagar tentando descobrir para quem pensou a última frase.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Degustou o líquido, pousou a taça. Fez menção de voltar, mas antes decidiu se admirar no espelho e certificar que sua alma ainda se encontrava dentro de seu corpo. Feito isso, retornou aos braços do homem com os olhos cor de mel. aceitou os afagos, as músicas, as promessas e tudo mais como se realmente amasse aquele homem. </i></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-53759585051228643612010-04-27T15:33:00.000-07:002010-04-27T15:34:45.669-07:00Depois de um longo e tenebroso inverno... quase um ano depois da última postagem, eis que retorno!#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-19299704843378631462009-05-11T07:14:00.000-07:002009-05-11T07:20:26.808-07:00Pensamentos de uma mente em curto<div align="justify">Passando pela rua, vi os correios. Tive uma vontade enorme de te enviar todas as cartas que lhe escrevi. Desisti no segundo seguinte, afinal de contas nem sei onde estão boa parte delas.<br />No ônibus havia em indivíduo ao meu lado com um terno de tecido áspero, aquilo roçava no meu braço e me incomodava profundamente. Acho que ele percebeu, acho também que meu incomodo agradava a ele.<br />O motorista é tão lerdo... é incrível como moro tão perto e tão longe de todos os lugares. De ônibus não moro menos de quarenta minutos de qualquer ponto da cidade. De táxi, nunca estou a menos de R$ 15,00. Queria ter tempo para me locomover a pé ou de bicicleta.<br />Fui ao show do Caetano ontem, assisti Hamlet anteontem. Muito bom ambos, mas parece que foi numa outra vida. O sono, o desanimo e essa prova estavam fora do meu programa de fim de semana. Prova... nem sei por onde começo.<br />Está passando jogo do Flamengo, ouço gritos a todo momento, o Cruzeiro [adversário] fez um gol. Não gosto nem desgosto, em MG sou Cruzeirense no RJ engrossei o caldo rubro negro recentemente. Não gosto de futebol, gosto de confraternizar.<br />Voltando as cartas, escrevi uma, meio longa, tem quatro dias isso. Tive vontade de escrever mais dez desde o minuto em que terminei-a. Passei toda a semana por sua portaria, umas vezes não tinha como escapar, outras tinha – mas não o quis. Desejei esbarrar contigo, mas esse complexo de ermitão da montanha não colabora nem a você me ver atravessar a rua. Te devo coisas, você também me deve, isso não nos faz quites, eu quero as minhas e vou cobrar. Amanhã eu cobro.</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-50464968380918095012009-04-21T16:44:00.001-07:002009-04-21T16:48:05.793-07:00<div align="justify">A camiseta era branca, a chuva caía torrencialmente, mas Anna nem se importava – só não queria que molhasse seus pés. Andava na chuva de volta para casa completamente encharcada, seus pés molharam um pouco, mas ao perceber nem se irritou.<br />Ele a pegou de carro na porta de casa. Depois de tanto tempo é a primeira vez que o vê de jeans e camiseta. Felipe cortou o cabelo, sua barba estava mais curta.<br />- Oi.<br />- Tudo bem?<br />- Tudo. E você?<br />- Tudo.<br />Silêncio. Um beijo longo dentro do carro de Felipe, na porta de Anna. Conversas vãs, fúteis, agradabilíssimas. Ele a olha de um jeito que atravessa sua espinha e o movimento mais brusco que consegue fazer é simplesmente sorrir um sorriso tímido. Quem a viu e quem a vê...<br />Apenas umas voltas de carro até a hora de voltar para onde se tem que voltar.<br />- Queria passar muito tempo com você.<br />- Não parece só me vê correndo.<br />- Silêncio.<br />Ela por sua vez queria dizer o quanto gosta de acordar com suas mensagens e que de vez em quando tem até vontade de acordar ao seu lado. Prefere ficar calada, talvez seja muito cedo, melhor perder os anéis do que os dedos, menos arriscado. Anna a muito não arrisca nesse ponto, da última vez que fez, perdeu a mão.<br />- Você me faz cometer loucuras.<br />- É a vez dela de fazer silêncio.<br />Ela repara que ele usa all star, preto, cano longo. Ela gosta, combina com o vermelho desbotado dela – quase rosa. Ele mora em Laranjeiras também, não mora no nove, mas sim no doze. Engraçado, queria ter dito que gostou de vê-lo de all star. Abriu a boca e soltou:<br />- Me deixa aqui, vou jantar.<br />- Tem certeza? Está chovendo.<br />- Sem problema.<br />Beijo longuíssimo. Ao pé da orelha:<br />- Te ligo antes de viajar.<br />- Está bom. Mais um sorriso tímido é solto.<br />E Anna entra no restaurante.</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-46177147185675935142009-04-21T16:44:00.000-07:002009-04-21T16:46:14.356-07:00Pulsar constante<br />Esquerdo<br />De batidas graves<br />Feito o surdo<br />Que sustenta a bateria<br /><br />Menos óbvio do que se pensa,<br />Não é vermelho,<br />muito menos enquadra todas as matizes possíveis de cores.<br /><br />É transparente com tonalidades de azuis.<br />Silenciosamente audível.<br /><br />Menos vívido que um verde frio<br />Ou um velho amarelo,<br />Muito antes sombra de memórias negras.<br /><br />É transcendente em seus fluidos crus<br />Intangível e recorrente<br /><br />Como as frases que escreves em meu corpo<br />ou como as veias que cortam os seus músculos.<br />No fim, todos se alimentam do que está proximamente distante.<br /><br />Pulsar cortante<br />De batidas grises<br />Correm frases<br />feito veias nessa poesia.<br /><br /><div align="right">Carniça de Jean Menezes e Dandara Renault [21/04/09]</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-37850379335049160052009-03-26T11:16:00.000-07:002009-03-26T11:21:30.391-07:00Brejeirice posta sob os óculos escuros enormes.<br />Na verdade, escapa um pouco pelo canto da boca.<br />Um sorriso.<br />Todo excesso nunca é demasia.<br />Borboletas vão voando por dentro do corpo.<br />Ocupam todo o espaço, por isso não anda - levita.<br /><br />Um frescor exagerado<br />Emana de sua boca<br />Cores exuberantes<br />Imperam ao seu redor<br />Foco e exatidão<br />Em sua atitude<br /><br />O mundo padece em ter nele tanto paraíso<br />Deseja-a e só contempla<br /><br />Escapoli de todos os dedos<br />Como nuvem<br />Absorve todos os olhares<br />Todas as bocas salivam ao tentar pronunciar seu nome<br />Inefável<br />Descritível<br />Embora irretratável<br />Todo filme se ofusca<br />Se queima<br />(seja por calor ou por luz)<br />Passa rápido<br />Levanta saias<br />Tranca cruzamentos<br />Rompe os hidrantes<br /><br />Indomável doce fera<br />Com os olhos corta almas<br />Com a voz<br />Nos abre os poros<br />Com suas mão<br />Acende-nos.<br /><br />Deleite...<br /><br /><div align="right">Carniça de Dandara Renault e Jean Menezes [21/02/08]</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-2670145677484919582009-03-16T13:15:00.000-07:002009-03-16T13:18:29.296-07:00Elephant Gun<div align="center"><em>"If I was young, I'd flee this town<br />I'd bury my dreams underground<br />As did I, we drink to die, we drink tonight<br />Far from home, elephant gun<br />Let's take them down one by one<br />We'll lay it down, it's not been found, it's not<br />around<br />Let the seasons begin - it rolls right on<br />Let the seasons begin - take the big king down<br />Let the seasons begin - it rolls right on<br />Let the seasons begin - take the big king down<br />And it rips through the silence of our camp at night<br />And it rips through the night<br />And it rips through the silence of our camp at night<br />And it rips through the silence, all that is left is<br />all that i hide"</em></div><div align="center"><em></em> </div><div align="justify">Elephant Gun - Beirut</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-54673946201856849202009-03-16T13:06:00.000-07:002009-03-16T13:12:41.830-07:00Recados no espelho do banheiro de um casal qualquer<div align="left">Caro Otto</div><div align="center"> </div><div align="center">"<em>Cheguei em casa</em></div><div align="center"><em>toda descabelada</em></div><div align="center"><em>completamente arrependida</em></div><div align="center"><em>do que aconteceu</em></div><div align="center"><em>[...]</em></div><div align="center"><em>Eu não sou nenhuma santa</em></div><div align="center"><em>eu não sou nenhuma santa"</em></div><div align="center"><em></em></div><div align="right"> </div><div align="right"></div><div align="center">Mas posso agrantir que você não é o coitado que quer tentar ser</div><div align="left"> </div><div align="left">Com Carinho,</div><div align="left">Anna.</div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-64900632916970970642009-03-09T12:59:00.000-07:002009-03-09T13:32:06.219-07:00SSB - Spam Benigno Blogosférico<div align="justify"><span style="color:#cccccc;">Bom, eu tive a honra de recebê-lo da Anna Duzzi. É uma tarefa duplamente árdua: falar de mim e selecionar sete blogs. Tomei uma resolução, serei bem sincera e não escolherei sete, mas três blogs. Sete é um número muito alto.</span></div><br />* As regras deste selo são:*<br /><br />a) Ao receber o selo, listar 7 coisas que te fazem sorrir.<br /><br />b) Indicar o selo a 7 blogs que fazem você sorrir.<br /><br />c) Informar aos blogs indicados que eles receberam o selo.<br /><br /><div align="center"><span style="color:#ffffff;">#Sete coisas que me fazem sorrir#</span></div><ol><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Cheiro de chuva batendo no chão de terra;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Ouvir minha mãe me chamando de minha filha;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Ver a cara de apixonado do meus cães quando fico muito tempo sem vê-los;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Receber uma ligação/ mensagem de uma pessoa inesperada;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">A confusão dos almoços em família lá em casa;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Sair para dançar com os amigos;</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Ouvir um sonoro, sincero e desinteressado: "Você está linda!"</span></div></li></ol><p align="justify">PS: Não é necessariamente nessa ordem!!!</p><p align="justify">*As regras deste selo são:*</p><p align="justify">a) Ao receber o selo, listar 6 coisas aleatórias sobre você.</p><p align="justify">b) Indicar o selo a 6 blogs que fazem você sorrir.</p><p align="justify">c) Informar aos blogs indicados que eles receberam o selo.</p><p align="center"><span style="color:#ffffff;">¨Seis coisas sobre mim¨</span></p><ol><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Amo chocolate.</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Apaixono e desapaixono com a mesma facilidade.</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Quero tudo ao mesmo tempo.</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Tenho medo de morrer antes de conseguir fazer tudo que quero.</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Sou a indecisão em pessoa.</span></div></li><li><div align="center"><span style="color:#ffffff;">Quando sou boa, sou boa, quando sou má, sou melhor ainda.</span></div></li></ol><p align="center"><span style="color:#ffffff;">Os blogs são:</span></p><p align="center"><span style="color:#ffffff;">Vai um cafézinho aí?! - Mauro Morais</span></p><p align="center"><span style="color:#ffffff;">Anna Palíndroma - AnnA Duzzi [essa grafia é minha mesmo]</span></p><p align="center"><span style="color:#ffffff;">POR-HEART - Harley Arruda</span></p><p align="justify"></p>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-65386992564129659582009-03-02T05:59:00.000-08:002009-03-02T06:09:50.473-08:00Carnaval<div align="justify">Não sei mesmo porque todos dizem que o carnaval é a festa da fantasia. Sim, ok. Por um lado com toda certeza o é: compramos fantasias para pularmos durante oitenta minutos junto a caminhões tão fantasiados quanto. Nas ruas também vemos gente que improvisa fantasia com meia dúzia de acessórios e parangolés.<br />Mas paremos de gastar tinta e papel e falemos de nós e não do exterior. Durante dez dias [quatro oficiais e seis com nosso jeitinho] somos puros como cristais, não iludimos ninguém, e o melhor, não nos iludimos! Falamos, fazemos, corremos e pulamos apenas movidos por impulso, vontade. A regra que vale é ser feliz plena e verdadeiramente e proporcionar ao ser humano mais próximo o mesmo êxtase.<br />Nos outros trezentos e cinqüenta e cinco [às vezes seis] dias do ano carregamos uma pesada fantasia. Com cabeça feita de seriedade excessiva, o corpo de solidão e o resplendor de falsos pudores. Dançamos ao som dos absurdos, que ao invés de cantados são engolidos a seco junto com todos os antidepressivos. Nos quesitos loucura e stress todos tiramos quatro notas dez e levamos estandarte de ouro.<br />E ao perguntar nas ruas o que as pessoas fazem só terá como resposta: me guardo para quando o carnaval chegar.<br />Por isso digo e repito. A festa de Momo é a festa da alegria e do real. Somos nós e pronto, sem olhares e sem recalques. Límpidos feito água, leves como pluma. Viva ao carnaval, viva a sobriedade.<br /> </div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-25041596264026925732009-02-25T20:53:00.000-08:002009-02-25T20:54:24.247-08:00Lindeza<div align="justify"><br />Outro dia Anna escutou a música que não poderia escutar em um café qualquer em Copacabana. Entrou correndo e la´estava Caetano Veloso cantando e tocando violão, estava no verso “uma alegria pra sempre”. Foi o bastante para deixá-la sem norte. Todos os momentos, todas as brigas, pareceram tão insignifantes, foram todas provas de um insensato e imaturo amor. Que ali, naquele momento, olhando para o nada, em frente a garçonete, se perguntava aonde andava. O dela e o dele.<br />[...]<br />As vezes escuta a música, repetidas vezes, se fazendo sempre as mesmas perguntas. Por onde andaria os amores ditos tão grandes e tão esternos. Se ele de fato existiu um dia. Ela na gostaria de perguntar o que de fato aonde os dois se perderam um do outro. Mas para isso teria que ter mais do que coragem. Ela apenas não seria o bastante. Na verdade não sabia o que mais era necessário.<br />[...]<br />Você deseja alguma coisa? Pergunta a garçonete tirando-a do transe.<br />Hã? Ah! Sim, claro. Uma fatia de bolo de chocolate e uma Coca Zero.<br />Prontinho.<br />Obrigada.<br />O chão ainda não voltara para debaixo dos seus pés. A música já tinha acabado já alguns minutos. Não adianta, existem momentos em que as coisas se tornam mais fáceis e eficientes se as respostas não forem dadas.<br />Anna deu uma garfada no bolo e um gole na Coca Zero. Engoliu, finalmente.<br /></div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-90337384605405643422009-02-18T11:47:00.000-08:002009-02-18T12:00:03.146-08:00Pra sempre não existe.<em>"Eu vi quando você me viu, </em><br /><em>seus olhos pousaram nos meus num arrepio sutil. </em><br /><em>Eu vi, </em><br /><em>pois é, eu reparei! </em><br /><em>Você me tirou pra dançar </em><br /><em>sem nunca sair do lugar </em><br /><em>Sem botar os pés no chão, </em><br /><em>sem música pra acompanhar. </em><br /><em></em><br /><em>Foi só por um segundo, todo o tempo do mundo, </em><br /><em>e o mundo todo se perdeu ...</em><br /><em></em><br /><em>Eu vi quando você me viu, </em><br /><em>seus olhos buscaram nos meus </em><br /><em>o mesmo pecado febril.</em><br /><em>Eu vi, pois é, eu reparei, </em><br /><em>você me tirou todo o ar pra que eu pudesse respirar.</em><br /><em>Eu sei que ninguém percebeu, foi só você e eu.</em><br /><em></em><br /><em>Foi só por um segundo, todo o tempo do mundo, </em><br /><em>e o mundo todo se perdeu...</em><br /><em>Foi só por um segundo, todo o tempo do mundo, </em><br /><em>e o mundo todo se perdeu ...</em><br /><em></em><br /><em>Ficou só você e eu."</em><br /><br />A música a balançava devagar. Olhos fechados. Cabeça pendida para trás. Taça de vinho na mão direita. Pés descalços. Dançava de um lado para o outro na sala. Rindo do presente, gargalhando do passado. Passando a mão pelos cabelos, agora três anos mais longos. Colocando a mão na cintura, três anos mais marcada.<br />Aqueles olhos azuis. Como desejou por tanto tempo reencontrá-los. Todo o passado parecia outra vida. O mundo tinha mudado tanto... crise mundial, vestibular, mudança de casa, volta para o casamento, nova separação... Finalmente ali, ambos preparados para terminarem o que começaram.<br /><br />- Por que não me beija logo? Disse Anna sorrindo levemente.<br />- Não sei se devo.<br />- Se não deve, por que está aqui então?<br />- Para te ver. Acho que não podemos continuar.<br /><br />E foi assim que os papéis se inverteram. Anna era a mulher segura e decidida, ele o homem trêmulo. De pé mesmo deu-lhe um beijo com gosto de vinho tinto seco e desejo. Talvez até tivesse saudade naquele beijo, mas o desejo era maior.Como o previsto o homem com cara de mau e olhos azuis se derreteu e sucumbiu aos olhos amendoados de cílios longos.<br />Depois de longo silêncio ele responde a pergunta que ela não ousava se fazer.<br /><br />- Eu não podia ter feito isso antes. Você é especial de mais para mim, não poderia ser mais uma. Esse é o nosso momento, essa é a nossa hora. Teríamos estragado tudo.<br />- Não disse nada.<br />- Mas pensou.<br />- Poderia ter sido tudo tão diferente.<br />- Algumas histórias não precisam se repetir. Agora somos dois adultos.<br />- Está falando da mãe do Henrique?<br />- É. Com você eu quero ser feliz. Não vou errar. Para isso não podemos ficar perto.<br /><br />No dia seguinte a despedida. No abraço apertado, tudo o que não deu tempo de falar.<br /><br />- Se cuida. Depois do carnaval eu volto.<br />- Você também. O natal é depois do carnaval, aparece antes.<br />- Está bem.<br /><br />Se abriu a porta, se abriu o portão – tudo no mais puro silêncio. Ele indo pelo corredor pensando não se sabe pensando em que. Talvez na mesma coisa que ela. Que só dariam certo no tempo daquela música, de tempos em tempos, sem nenhum para sempre.#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-43323938802042347422009-02-10T10:09:00.000-08:002009-02-10T11:10:46.538-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGdVKe3VBJi4HEZyt9aYUgFeXcYy7NzLpa3vZij49t8fj0-o8pxlrsNMll0NWaiwBGqBqevHAUReE0Fkq119w0dpOldEmPY8ZjPtyLGe_T9uMWCTvjTk2yMZlrsHvBXeaGTvf8ryeIm2k/s1600-h/2_caneca_preta.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301248210538191266" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGdVKe3VBJi4HEZyt9aYUgFeXcYy7NzLpa3vZij49t8fj0-o8pxlrsNMll0NWaiwBGqBqevHAUReE0Fkq119w0dpOldEmPY8ZjPtyLGe_T9uMWCTvjTk2yMZlrsHvBXeaGTvf8ryeIm2k/s400/2_caneca_preta.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><em></em></div><br /><div align="justify"><em>“Que só eu que podia, dentro da tua orelha fria, dizer segredos de liquidificador”</em> . Com a xícara de chocolate quente Anna pensava nas vezes em que disse seus barulhentos e desconcertantes segredos.<br /><br />Aquele dia, naquela cama. Não fora ela, mas sim ele.<br /><br />Eu te amo. Eu precisava dizer isso.<br />Assim. Calmo, baixo e sonoro. Soou como um trovão aos ouvidos da garota de mãos e pés gelados.<br /><br />A música tocava e Anna só ia lembrando deles. <em>“Eu protegi seu nome por amor”</em> . Quantas e quantas vezes não se pronunciou na tentativa de manter segredo... em vão ambos sabiam que todos tinham certeza do que acontecia.<br /><br />Nós dois sonhávamos acordados. Pensou ela. Tivemos filhos, moramos em um barco. Assim não sentíamos as dores da realidade. No mundo que se teria que enfrentar, de todas as decisões, de todas as explicações e todos os pedidos de desculpas.<br /><br />Nada os resumia mais naquele momento do que aquela música. Educados agora, como se nada tivesse ocorrido meses a fio. Como se realmente a amizade tivesse sido o único sentimento que os entrelaçasse e que mágoa era algo inexistente no coração de ambos.<br /><br />Tantos segredos barulhentos. Tantas juras eternas. Sonhos e sonhos foram ficando esparsos e se desmanchando até se desfazerem como espuma. <em>“A emoção acabou, que coincidência é o amor”</em></div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-6757812442783591652009-02-10T07:37:00.001-08:002009-02-10T07:37:43.637-08:00Anna, Júlia e Guilherme; Anna, Júlia e OttoJúlia se entupia de sorvete de café em uma cafeteria de Copacabana. Pensava em Carolina que odiava seu nome. Ela também odiava o seu. Era nome de quem faz assistência social. Emprego nobre, entretanto, piegas e sacal.<br />Pensava também em seu marido e em seu antigo namorado. Fora traída pelos dois. Ambas as amantes se chamavam Anna. Coincidência? Talvez... talvez fosse também coincidência o fato de tanto Guilherme quanto Otto terem a mesma profissão.<br /><br />Júlia comia mais sorvete de café com manga.<br /><br />Descobrir agora, depois de ter perdoado o marido, depois de ter relevado Guilherme e mantido a amizade – descobrir que se tratava da mesma Anna era demais para sua cabeça. Qual seria o seu problema? Qual seria o problema de Anna? Quem sabe ela fosse apaixonada por Júlia e se divertia em vê-la histérica se perguntando qual era o seu problema ou por que só olhava para as pessoas erradas. Mas poderia ser simplesmente destino. De alguma forma elas estivessem fadadas a disputar pelas mesmas coisas.<br /><br />Moça! Traz mais um, por favor, agora acrescenta chantili.<br /><br />O que a deixava aflita era o fato de que talvez Anna não soubesse da colisão das duas. Tinha certeza de que ela sabia que as coitadas tinham o mesmo nome. Mas afirmar o fato de saber que as coitadas eram na verdade uma só são outros quinhentos.<br /><br />Moça! Olha põe castanha e cauda de chocolate.<br /><br />Tomou o sorvete correndo e resolveu ir para casa antes que Anna chegasse. O que importa saber se ela é bonita, feia; magra, gorda; inteligente, burra. O fato é: seu melhor namorado e seu marido se encantaram coincidentemente pela mesma pessoa.<br /> A única coisa que restava era descobrir o que faltava em si e sobrava nela. Teria todo o tempo mundo para descobrir.#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8350867935215444665.post-77716566433241424802009-02-05T06:36:00.000-08:002009-02-05T06:37:16.100-08:00<div align="justify">Sentada com sua calça de malha cinza, sua camiseta branca sem maga, o cabelo um tanto quanto desarrumado e brilhando de suor por conta da musculação lá estava Anna sentada numa temakeria de bancos laranja em Copacabana. Estava em uma mesa baixa na calçada. De pernas cruzadas olhava o trio da mesa da frente: uma mulher gorda e loira irritada com alguém e falando as piores coisas possíveis desse ser humano que nem Deus sabe quem é que comia um sorvetão amarelo da sorveteria italiana; um homem que estava completamente de costas para ela concordava com tudo calado e tomava um nestea; e por último a outra mulher, um pouco mais magra, um pouco menos loira que abocanhava um koni de camarão.<br />Esperando seu koni de frutas percebe um homem. O homem mais bonito que já vira em sua vida. O mundo parou para observá-lo, só ele se movimentava freneticamente com uma caneta bic vermelha nas mãos. O homem branco, de cabelo graúna e extremamente comprido e camisa branca tinha o sorriso rasgado e olhos cor de mel. Estava acompanhado de dois amigos, um com cara de peruano [tinha cara de Pablo] e um outro que fumava com cara de nada. Ah! Ele tinha cara de tudo. Não se pode explicar tal visão, ele falando e anotando, sentado numa mesa atrás do trio fofoqueiro. Anna o olhava com cara de admiração, não sentia desejo, nem nada só queria guardar o êxtase de tal visão. Teve vontade de ir lá dizer o quanto seu rosto mudara sua vida, mas teve medo de parecer patética – ficou quieta.<br />Fez apenas o que poderia fazer: olhar. Até que ele percebeu sua simples presença e retribuiu os olhares como quem dissesse: Obrigada, entendi o que quis dizer. Mas Anna simplesmente não conseguia parar de olhá-lo e isso começou a causar um ar de riso no homem.<br />Coube a Anna a mudar de lugar e vê-lo de outro ângulo, não perderia a oportunidade de sugá-lo de todos os prismas possíveis. E assim o fez. Se lembrou de uma amiga, que certa vez viu uma mulher num cyber café e queria saber o nome dela. Anna também quis saber o nome dele, mas não perguntou. Essa sua amiga não descobriu, só que, ao menos, falou com a mulher.<br />Anna saiu andando para casa ainda extasiada pensando que sua amiga era mais corajosa que ela. </div>#Dandara Renault#http://www.blogger.com/profile/10075664400764311569noreply@blogger.com0